21 de outubro de 2007
Gilmar de Carvalho
19 de outubro de 2007
HAMURABI BATISTA
Aos 10 anos começou a trabalhar com gravuras junto com seu pai, o poeta Abraão Batista.
Começou a escrever cordel ainda no ginásio (5ª série).
Tem 24 cordéis de diferentes títulos, entre eles, três ou quatro já foram reimpresso. No total somam 26 (ou 27?) trabalhos editados.
No prelo, mais 10 cordéis a serem futuramente publicados.
Durante sua carreira usou alguns codinomes, como Manoel Messias e Francisco Matêu.
Desde 1995 que ele se identifica de uma maneira mais visceral com a cultura de Juazeiro. Neste mesmo ano fez um cordel sobre o parque ecológico da timbaúba, utilizando seu próprio nome, Hamurabí Batista.
Tem como influência musical o Chico Sciense, um cara que para ele é toda referência em música e poesia.
Para ele a cultura é a assimilação de tudo. A melhor terapia que se pode encontrar é através da arte, passar horas pintando, desenhando, esculpindo, isso liberta ou mesmo alivia as paranóias, ajuda a esquecer da vida.
Explicou a diferença entre repente e embolada.
Nos últimos tempos ele produz cordéis e xilogravuras. A sua produção em gravura, dos últimos dois meses, está sendo exportada para Portugal.
Sob seu ponto de vista, o trabalho feito por dinheiro não sai tão bom como quando é feito com espontaneidade.
Durante todo o tempo entre um papo e outro ele cantava uma de suas emboladas. As mentiras de Benezio, que relata à história de um amigo mentiroso. Pau de arara – onde ele brinca com o fato de que o romeiro pode escolher por quem quer ser lesado (pelo comércio, pela igreja ou pelos trombadinhas). Coco metal – primeiro coco que ele fez. Cearáfrica – que é um reage com palavras de cidades africanas e cearenses.
Seus cordéis estão no Centro de Cultura Mestre Noza.
Por: Andrêzza Camilla e Marta Lopes
12 de outubro de 2007
Nívia Uchôa
Nívia é fotógrafa e grande artista da nossa cidade, e nós iremos saber o que levou ela à Fotografia, e, assim, trocaremos experiências.
Com 14 anos de documentação fotográfica aqui no Cariri, Nívia considera a região como um local bastante rico em imagens e até trouxe seu material no qual retratou um pouco a cidade de Juazeiro do Norte e alguns locais na região do Cariri.
Esse material que ela nos mostrou foi uma tragetória de um tempo, em que ela foi para algumas cidades e, em especial, a Região dos Inhamuns. Neste trabalho, Nívia teve a oportunidade de participar de um livro que conta a história do Ceará, entitulado Memórias do Caminho, de Oswaldo Cruz.
Nos primeiros momentos da entrevista, Nívia definiu o conceito de Fotografia que significa escrita da luz..., e concluiu que a Fotografia nos possibilita utilizar alguns artifícios, tipo colocar movimento, que é algo que ela gosta muito: Fotografar em movimento.
Ela começou quando se "entendeu por gente", quando via as fotografias dos seus familiares, que seus pais sentiam prazer em guardar essas Memórias. Conta que seu irmão fazia experiências com uma caixa de sapato e água, e projetava as imagens na parede com um lençol de sua mãe. Ela brinca dizendo que ele até cobrava a entrada pra vizinhança assistir. Assim, tudo aquilo, mesmo pequena com 8 anos de idade, lhe chamou atenção e sentia emoção quando via aquelas imagens e um desejo sendo despertado dentro de si.
Seu irmão sempre ganhava câmeras e na sua casa sempre tinha várias máquinas. Seus vizinhos tinham um Estúdio e ela ficava muito lá, vendo como eram os processos de revelação. E aí Juazeiro como é forte com essa coisa da romaria... ela jovem... entrou na Universidade e concluiu o curso de Gegrafia, e percebeu que a Cultura aqui na região era muito forte... Também percebeu que seria maravilhoso trabalhar com fotorafia, vendo as paisagens que o curso de Geografia lhe possibilitou estudar.
Ela trabalhava no setor de contabilidade do Sesc-Juazeiro, quando comprou sua primeira câmera. Mas a todo momento, ela já sabia que era fotógrafa. E em 1993, ela foi despedida , e percebeu que a fotografia lhe dispusera como trabalho e prazer.
Diz, com brilho no olhar, que: "A fotografia é passado, mas um dia ela já foi futura e só é presente em um determinado momento em que acontece aquilo [...] as expressões são penetradas naquele momento, e não podemos perder tempo, porque os momentos são únicos."
Para fotografar, é necessário, além de ver, olhar. Porque a partir daquele momento você pode desvendar uma imagem com um olhar, então a imagem passa a ser leitura, registro, informação, documentos.
A Fotografia oferece a possibilidade de transmitir várias linguagens ao seu olhar. E a missão do fotógrafo e mostrar a sua visão nas fotos... Estar sem a câmera, é como estar sem roupa.
Nívia Uchôa quando começou a utilizar a câmera digital, tudo se fez novo ao seu redor e ela passou a não gostar daquilo, pois foi como perder a sua identidade, sua essência. Ela até começou a "tirar o foco" das suas fotografias. A câmera digital permite escolher qual acessório utilizar... É diferente de já tirar a foto em preto e branco, por exemplo, ao invés de tirar em cor, imaginá-la em preto e branco, e depois colocá-la no "Photo Shop" e tirar a cor... Quando começou a fotografar a Água, percebeu que podia tirar o foco, e mostrar a água de uma outra forma. É importante que o fotografo esteja no local certo e na hora certa.
Mas tudo é Fotografia. O importante é fazer a Fotografia. Independe do que você fotografa ou como você fotografa.
A profissão de Fotógrafa não é fácil porque
Eu comecei a fotografar em 1993, e o seu primeiro curso foi em 1996: "Eu não acredito em dom, [...] mas acho que a Fotografia, pra mim, é uma visão de mundo".
Nívia diz ainda não conseguiu fotografar o Impossível, e acha que não pode fotografar. A Fotografia pode ser inventada. Você tem que ter paciência e insistir naquilo que quer mostrar. É essa insistência que é legal. Fazer se tornar possível.
A Fotografia como trabalha com expressões, quando se faz uma seqüência de fotos, existe uma, essencialmente, em que ela vai mostrar todas as outras. “Uma fotografia de uma seqüência vai falar muito mais do que todas as outras.” E as vezes as coisas saem de forma inconsciente. A fotografia é surpreendente!
5 de outubro de 2007
Fábio Rodrigues
Fábio Rodrigues é paraibano, natural de Campina Grande. Por ter morado muito tempo fora, em Recife, sente-se mesmo é pernambucano. E hoje ele se diz mais pernambucano-caririense.
Formado em história pela Universidade de Pernambuco – UFPE mestre em Educação pela mesma Universidade e doutor em Arte/Educação em Sevilha, Espanha. “Eu acho que a formação tem que ser interdisciplinar”.
Está no Cariri desde 1998, quando prestou concurso para professor da URCA (Universidade Regional do Cariri) no curso de Pedagogia. Seu objetivo maior é formar professores de arte e aproximar todas as pessoas do mundo da arte. Segundo Fábio, ele tem um “desejo muito grande que a nossa região dialogue com outros lugares, outras experiências, tendo a arte como esse conhecimento tão humano e totalmente cultural”.
“Tenho pela região um verdadeiro carinho, sentimento de responsabilidade muito grande pela região do Cariri, primeiro porque eu vejo uma região marcada por um isolamento do resto do mundo, a região se feche muito nela mesma. Então, ela deixa de dialogar com outros mundos porque o mundo não está aqui. O meu grande esforço aqui é que a gente possa dialogar para afirmar e reafirmar sobre a nossa identidade, e não perdê-la ... O meu grande esforço hoje, tendo a arte como um conhecimento, que é um CONECIMENTO, que tem sua identidade muito definida em cada lugar, mas que se abre para todos os olhares, todos os ouvidos, todas as bocas, todos os corpos. De certa maneira, o meu grande esforço tem sido este. ”.
Além disso, mencionou outros exemplos bastante engraçados, vividos por ele pelo fato de ser gay. Disse que: saber conviver com as diferenças é não impor um gênero. As pessoas têm que mudar!
“Eu primeiro tenho que me reconhecer como pessoa. Não existe indivíduo fragmentado, tipo eu sou Gay/ Doutor, e sim eu sou Gay e Doutor. As pessoas são impostas a creditar que tem papéis masculinos e femininos na sociedade. Se as pessoas gostam ou não eu sou gay e não assumo apenas para que as pessoas olhem para mim com os rostos satisfeitos e digam que legal ele assume o que é. Somos educados para sermos heterossexual"
Fabio Rodrigues prefere o termo gay por que não é heterossexual, e por que a palavra homossexual dá a ele um sentido de doença. Ele criticou severamente a maneira como Tom Cavalcante transmite na mídia a imagem do gay.
Por: Andrêzza Camila e Micaele Gonçalves
Renato Cassimiro
Renato Casimiro: Um arquivo vivo de Juazeiro do Norte
Natural de Juazeiro do Norte Renato Casimiro morou na sua infância na Rua São Francisco. Desde criança que convive com a cultura da cidade.
Estudou no Ginásio Salesiano São João Bosco. Relembra uma vez em que voltando para casa, ouvia da radio no programa a Voz da América, sobre o assassinato do presidente americano John Kennedy.
O mundo só falava sobre isso, e ele se chateou. Então, lembra que foi na estante de seu pai e avistou os livros. Olhou e encontrou um livro com o titulo de Juazeiro e o Padre Cícero, dedicado ao seu avô por Floro Bartolomeu, um grande personagem da historia de Juazeiro.
O livro o fez refletir sobre a densidade do ambiente de Juazeiro e o quanto não o conhecia rico em historia, cultura, religiosidade, etc. A data do assassinato, 23 de novembro, marcou este momento e fez com que tivesse uma percepção mais visual e cheia de ilustrações. De repente, esse lado visual antigo o despertou à busca pelos registros fotográficos, onde tem hoje mais de 10 mil. O amor pelos arquivos e pelo livro foi crescendo, tornou-se uma pessoa enriquecida com o conhecimento advindo das manifestações do local de sua cultura.
Viu a ascensão de Juazeiro, onde uma vila cresceu... Surgiram as eletrificações, as repartições publicas, o aeroporto... Com a evolução urbana, a vida a levou explosivamente a uma tendência de cidade médio-grande porte, com receio de não ter qualidade de vida e não abafar a tendência cristalina da cultura, em margem contraditória do conflito regional entre Crato e Juazeiro, influindo um compromisso mais descompromissado, alimentando a comunidade ansiosa pelo crescimento.
O primeiro jornal de Juazeiro, “O Rebate”, queria um Juazeiro independente, para que não fosse vila do Crato. Também eram publicados os primeiros cordéis de João Martins, as primeiras xilogravuras. A mídia (jornal) era a microfilmagem e está em projeto de digitalização na Biblioteca Nacional.
A partir disso, foi compreendendo, ainda tímido, a cultura de Juazeiro.
Seu pai queria que fosse engenheiro elétrico do ITA, mas foi reprovado em Desenho Industrial. Lembra da disciplina de Geometria Descritiva com referência cartesiana e linha base, tudo inside com um ponto de luz verticalmente...
Quando começou a estudar, descobriu a Química, pois na época ela era pouco explorada. Ficou fascinado pela Química e decidiu estuda-la. Teve um professor muito competente que o incentivou bastante, Altino Vailate, da PUC, o qual hoje e muito grato. Brilhou como estudante e começou uma carreira através da qual aspirou o conhecimento pela vida com o que chegou à Biologia.
Impressionou-se muito quando viu a descoberta da estrutura do DNA. Decidiu ficar na Biologia pelo fascínio pela vida. Entrou na UFC como professor de Microbiologia, pois preferia estudar seres com vida de 20 minutos a árvores de centenas de anos. Os fenômenos dos seres o encantavam. Após, lecionar, findou a carreira docente como professor de Biotecnologia, em 2004, quando se aposentou.
Um ano após, começou a interagir com a indústria, pois sua área era inovadora. Queria dar subsídios da Biotecnologia às áreas industriais e através dela se tornou consultor da Embrapa.
Acompanhava a produção de iogurte, a fermentação da cachaça e vinho, queijo, coalhada. Também foi consultor da M. Dias Branco, na área de biscoitos, massas, farinha de trigo e margarina. Vitorioso na área profissional tinha as ferramentas no transito confortável destas empresas.
Mesmo residindo em Fortaleza, sente muitas saudades da sua terra natal. Se emociona ao dizer: “Eu sai de Juazeiro mas o Juazeiro não sai de mim”. Adora a terra. Não è xiita, mas assume radicalismo.
Ama Fortaleza e convive com o paradoxo apesar de sentir a ausência.
Falando da cultura local, sente grande satisfação com os gênios do povo, como dão soluções criativas, como cantam o infortúnio e suas graças precisam ser cuidadas.
Em 1965 partiu para Fortaleza e de lá nunca mais saiu.
Foi professor na abertura da Unifor, na área de Biologia.
Ao estar no Memorial Padre Cícero em Juazeiro do Norte, vendo as fotos da época, percebeu que elas impactavam muito à comunidade. Alguns viam familiares, avos, tios. A expressão vista no rosto das pessoas era notória.
Por: Vânia Lopes e Kátissa Galgânia