21 de outubro de 2007

Gilmar de Carvalho

Gilmar de Carvalho: "O pesquisador não pode se contentar com o que ele já sabe"


Em 13 de setembro de 2007, recebemos no Estúdio Digital a presença do Professor Gilmar de Carvalho, professor a 23 de anos da UFC lotado no curso de Comunicação Social. Ele nasceu em Sobral e veio à primeira vez a Juazeiro do Norte em 1976. Quando aqui chegou se deparou com um mundo fascinante. Em sua chegada visitou a Tipografia São Francisco, naquela época coordenada por Maria de Jesus. Foi nesse contato com a tipografia, vendo as máquinas funcionando, que a sua vida passou por uma mudança e foi quando ele se aproximou da literatura de cordel.


Foi nessa viagem ao Juazeiro que começou a constituir o seu acervo, não apenas como um colecionador. De maneira sistemática procurou compreender, observar estas obras, e esta relação com o cordel começou com as artes gráficas. Segundo o professor Gilmar de Carvalho “o cordel não é um panfleto é um conjunto de histórias”. Assim, decidiu estudar o cordel na publicidade, escrevendo uma dissertação de mestrado sobre ‘Publicidade no Cordel’ que foi publicado em livro.


Gilmar é um pesquisador e já recebeu o título de Cidadão Juazeirense. Produziu muitos trabalhos sobre Patativa (possui 600 páginas transcritas de entrevistas com Patativa do Assaré).


Para Gilmar a cidade de Juazeiro é um lugar riquíssimo e cheio de manifestações culturais, onde há uma passagem constante de pessoas de outras culturas, de outros lugares e a partir desse contato adquirem-se novos valores para a região. Gilmar possui admiração pelo Padre Cícero e por Juazeiro, uma cidade híbrida para ele. Ele não consegue ver nada de negativo nas trocas de cultura que os romeiros trazem ao Cariri, na sua interação com a cultura da cidade. Ele ainda brinca dizendo que, toda vez que vem ao Juazeiro vê uma “marmota nova” e são estas as manifestações que implica em novas produções culturais.


Segundo Gilmar o cordel teve grande importância na vida de Lampião e foi a partir do cordel que tivemos outra visão sobre Lampião de uma forma contextualizada. Ele cita um folheto riquíssimo sobre Lampião “A visita de Lampião ao Juazeiro”, uma espécie de cordel jornalístico e também histórico. Ele ainda ressaltou que a produção de cordel escrito por mulheres sobre lampião é um cordel das memórias do Lampião, ou seja, apenas baseado em memórias. Assim como Lampião, o cordel é uma fonte muito importante para se ver o Padre Cícero.

É um admirador dos cordelistas mauditos, vê eles como um grupo muito instigante e interessante, são antropófagos, pegando partes de contribuições sociais para as suas produções e, segundo ele, em um determinado momento eles irão dar uma sacudida no cordel tradicional.


O Cordel não tem data de inicio, um começo, o povo comemora 100 anos de cordel, no entanto para Gilmar ela vem de muito tempo, é uma literatura oral, são historias que são contadas e estas histórias começaram a ser circuladas explicando a nossa vida, desde a Idade Média, passando às pranchas, depois se apropriando na imprensa com Gutenberg. Considera que o cordel não é uma coisa européia, mas composta de hibridismos.

Ele explica que é importante não confundir o cordel com o panfleto, para ser cordel deve-se ter alguns elemento, deve-se haver uma construção poética, não é qualquer forma de manifestação do pensamento. “O cordel é uma literatura da voz, impregnada de coisas fantásticas...”, mas, o que deve haver essencialmente no cordel, é a poesia e o encantamento.










Por: Maria Fabricia Santana de Sousa e cicinha

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