5 de outubro de 2007

Renato Cassimiro


Renato Casimiro: Um arquivo vivo de Juazeiro do Norte

Natural de Juazeiro do Norte Renato Casimiro morou na sua infância na Rua São Francisco. Desde criança que convive com a cultura da cidade.

Estudou no Ginásio Salesiano São João Bosco. Relembra uma vez em que voltando para casa, ouvia da radio no programa a Voz da América, sobre o assassinato do presidente americano John Kennedy.

O mundo só falava sobre isso, e ele se chateou. Então, lembra que foi na estante de seu pai e avistou os livros. Olhou e encontrou um livro com o titulo de Juazeiro e o Padre Cícero, dedicado ao seu avô por Floro Bartolomeu, um grande personagem da historia de Juazeiro.

O livro o fez refletir sobre a densidade do ambiente de Juazeiro e o quanto não o conhecia rico em historia, cultura, religiosidade, etc. A data do assassinato, 23 de novembro, marcou este momento e fez com que tivesse uma percepção mais visual e cheia de ilustrações. De repente, esse lado visual antigo o despertou à busca pelos registros fotográficos, onde tem hoje mais de 10 mil. O amor pelos arquivos e pelo livro foi crescendo, tornou-se uma pessoa enriquecida com o conhecimento advindo das manifestações do local de sua cultura.

Viu a ascensão de Juazeiro, onde uma vila cresceu... Surgiram as eletrificações, as repartições publicas, o aeroporto... Com a evolução urbana, a vida a levou explosivamente a uma tendência de cidade médio-grande porte, com receio de não ter qualidade de vida e não abafar a tendência cristalina da cultura, em margem contraditória do conflito regional entre Crato e Juazeiro, influindo um compromisso mais descompromissado, alimentando a comunidade ansiosa pelo crescimento.

O primeiro jornal de Juazeiro, “O Rebate”, queria um Juazeiro independente, para que não fosse vila do Crato. Também eram publicados os primeiros cordéis de João Martins, as primeiras xilogravuras. A mídia (jornal) era a microfilmagem e está em projeto de digitalização na Biblioteca Nacional.

A partir disso, foi compreendendo, ainda tímido, a cultura de Juazeiro.

Seu pai queria que fosse engenheiro elétrico do ITA, mas foi reprovado em Desenho Industrial. Lembra da disciplina de Geometria Descritiva com referência cartesiana e linha base, tudo inside com um ponto de luz verticalmente...

Quando começou a estudar, descobriu a Química, pois na época ela era pouco explorada. Ficou fascinado pela Química e decidiu estuda-la. Teve um professor muito competente que o incentivou bastante, Altino Vailate, da PUC, o qual hoje e muito grato. Brilhou como estudante e começou uma carreira através da qual aspirou o conhecimento pela vida com o que chegou à Biologia.

Impressionou-se muito quando viu a descoberta da estrutura do DNA. Decidiu ficar na Biologia pelo fascínio pela vida. Entrou na UFC como professor de Microbiologia, pois preferia estudar seres com vida de 20 minutos a árvores de centenas de anos. Os fenômenos dos seres o encantavam. Após, lecionar, findou a carreira docente como professor de Biotecnologia, em 2004, quando se aposentou.

Um ano após, começou a interagir com a indústria, pois sua área era inovadora. Queria dar subsídios da Biotecnologia às áreas industriais e através dela se tornou consultor da Embrapa.

Acompanhava a produção de iogurte, a fermentação da cachaça e vinho, queijo, coalhada. Também foi consultor da M. Dias Branco, na área de biscoitos, massas, farinha de trigo e margarina. Vitorioso na área profissional tinha as ferramentas no transito confortável destas empresas.

Mesmo residindo em Fortaleza, sente muitas saudades da sua terra natal. Se emociona ao dizer: “Eu sai de Juazeiro mas o Juazeiro não sai de mim”. Adora a terra. Não è xiita, mas assume radicalismo.


Ama Fortaleza e convive com o paradoxo apesar de sentir a ausência.

Falando da cultura local, sente grande satisfação com os gênios do povo, como dão soluções criativas, como cantam o infortúnio e suas graças precisam ser cuidadas.

Em 1965 partiu para Fortaleza e de lá nunca mais saiu.

Foi professor na abertura da Unifor, na área de Biologia.

Ao estar no Memorial Padre Cícero em Juazeiro do Norte, vendo as fotos da época, percebeu que elas impactavam muito à comunidade. Alguns viam familiares, avos, tios. A expressão vista no rosto das pessoas era notória.

Por: Vânia Lopes e Kátissa Galgânia



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