22 de agosto de 2007

Dane de Jade

O Estúdio Digital (debates interativos gestados informalmente: laboratório de troca de afetos) teve o prazer de receber na sexta-feira 17/08/2007 a cratense Roseane Bezerra de Oliveira: Dane de Jade, gestora cultural do SESC–Serviço Social do Comércio.


Dane, dANoCa, danada era como sua tia querida a chamava, desde criança... e foi assim, muito tempo depois desde que passou a ser chamada Dane, só que, de Jade, nome de sua primeira filha. Apesar de quando criança viver se apresentando nos palcos, sendo atriz, acabou mesmo foi sendo gestora cultural.

Primeiramente atuou na Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal da cidade do Crato CE, onde trabalhou com o ator Fernando Piancó e depois com o cineasta Rosemberg Cariri, quando no fim da década de 90, através de uma seleção pública passou a ser coordenadora de cultura do SESC, unidade Crato. Hoje mora em Fortaleza e é gerente do programa cultura do SESC Ceará. Dane de Jade é graduada em Biologia, pela Universidade Regional do Cariri-URCA.

Dane de Jade desde criança sempre esteve em contato com a cultura artística, seu pai trabalhava como projetor em um cinema e provavelmente isso também influenciou seu interesse pela arte e pela cultura local, sobretudo pela tradição popular a qual se identifica com paixão. Para Dane desde que nascemos já estamos inseridos numa cultura que nos cerca já dentro de nossa casa.

No SESC ela ressalta entre tantos projetos a Mostra SESC Cariri das Artes que é um dos maiores eventos que o SESC realiza na região. Para Dane, cultura também é a comunhão de pessoas que fazem algo que seja significativo para a sociedade.

Sobre seu projeto para o futuro, muito emocionada, ela nos falou que seu maior sonho é poder voltar ao Cariri, criar uma ONG que visará trabalhar com a tradição regional, pois a mesma ver a situação dos mestres da cultura regional carente de atenção por parte do poder público e privado. Dane ainda frisa “é um paradoxo porque não dá pra entender como que uma pessoa possui um conhecimento daqueles e muitas vezes suas famílias passam por dificuldades”, comenta nossa convidada.

Para ela é muito importante ver a tradição ser reconhecida. Falando sobre a região do cariri ela a diferencia das outras a partir dos fatos históricos, personalidades como o beato José, Lourenço, Bárbara de Alencar, beata Maria de Araújo, padre Cícero, entre outros que contribuíram para que o cariri seja um celeiro, um caldeirão de manifestações culturais.

Sobre os mestres da cultura popular ela ressaltou a preocupação com a saúde dos mesmos, salientando que, não existem projetos direcionados para essa questão, embore destaque a importância da bolsa/pensão vitalícia da Secretaria de Cultura do Estado-SECULT. Essa bolsa, porém, ainda é restrita a um pequeno grupo.


Falando sobre a influência da cultura nos meios de comunicação, ela comenta que mesmo sendo positivo o surgimento de tecnologias de ponta ao longo dos anos, por outro lado a programação que é veiculada é questionável. Há uma desvalorização e uma banalização de tudo. Políticos agem visando seus interesses pessoais e não coletivos. Não se ouve nas rádios música de qualidade, somente são privilegiadas aquelas da indústria, do mercado musical perdendo portanto, a possibilidade de se fazer do rádio, por exemplo, um veículo de difusão para um aprendizado cultural.



Texto:
Cláudia e Ivanildo