26 de novembro de 2007

laBoraTório de tRoCa de aFEtos

laBoraTório de tRoCa de aFEtos

O Estúdio Digital é um acontecimento político, didático e pedagógico da disciplina Cultura e Mídia, do curso de Biblioteconomia, campus da UFC/Cariri. Visa proporcionar ao alun@ uma relação de afeto entre a sala de aula, o conhecimento e uma outra pessoa quem vem de fora, testemunha da vida, da cultura do seu lugar e do mundo. Ela vem de fora para narrar através da sua voz o ritmo da sua experiência de vida a ser dita. Objetiva gerar uma experiência. Um contato. Toque. Nesse sentido, toda pessoa é potencialmente apta para o nosso intercâmbio.

Pretende-se, nesse encontro de narradores e receptores, construir possibilidades de ensino-aprendizagem a partir da história de vida do convidad@ e seu lugar na (des)ordem do seu discurso. É um laboratório para trocar afetos e fogos! Poemas e lírios, rimas e política, fatos e fotos, cultura e mídia!
Queremos interceder a favor da diferença e do espanto. Nada que não provoca emoções e desejos podem nos conduzir ao aprendizado. Pretendemos os meios e os ritmos. Aprender a intervir para mudar o rumo do barco e assim descobrir (jamais invadir) continentes, territórios, palavras de ordem... que nos faça maior, que nos des-organize o corpo dramatizado pelo condicionamento.


O Estúdio Digital é um evento poético-político que acontece todas as sextas feiras nos segundos raios de sol, as 7:30. Temos um relógio, mais não temos um roteiro e, uma intenção: fazer desses Debates gestados informalmente, um acervo de documentários poéticos. A poética da pessoa. Por isso fotografamos seus gestos e curvas. Imagine a imagem!


O fazer é tribal. Tudo se faz
em grupo. Coletivo humano que se expande alegre para receber o próximo e a próxima pessoa-testemunha do planeta terra.

Das fotos emerge um ensaio fotográfico (VCD) para serem incluídos no Blog do projeto-acontecimento. O blog é feito pelos alun@s e contém as imagens, a entrevista o documentário, a emoção... o resto é dito pelo visitante virtual. A experiência do estúdio não é para exibir depois uma nota aos alun@s, realizar uma prova-pós-testemunha. A prova maior é chegar todas as sextas e cumprir o ritual matinal. É experimentar sabores e nos envolvermos-nos bordando uma vida nova numa canção que nos desperte! É dar fogo à vida para que ela acenda, vibre, apesar do capitalismo que tenta descompassar a música do nosso coração.




3 de novembro de 2007

Jessica Franklin



Jessica Franklin: The Culture Black People


A
ntropóloga Política canadense












O Estúdio Digital contou com a presença da fututa Dra. em Relações Internacionais (Departamento de Ciências Políticas - McMaster University in Hamilton, Ontario, Canadá)
Jessica Franklin, de apenas 27 aninhos, no último dia 31 de Outubro, que veio falar sobre:

"A dimensão transnacional das identidades e do ativismo de mulheres Afro-Brasileiras e Afro-Jamaicanas: construindo e movendo-se para além do Estado".
Sua presença foi marcada pela Prof. Dra. Joselina da Silva (Sociologia e Cultura Brasileira - UFC/Cariri) que fez o importante papel de Tradutora durante a entrevista.



Jessica começou falando sobre sua infância. Conta que quando criança visitava a Jamaica durante todo verão, na casa de seus avós, tendo também uma enorme família lá. Hoje, mantém um casamento Inter-racial com o fisioterapeuta canadense, Andre. Muitas pessoas ainda olham com espanto, mas eles se amam muito.



Por ir tantas vezes na Jamaica pôde observar como as mulheres jamaicanas contribuem, intensamente, na luta das mulheres nas suas comunidades, nas suas famílias e no seu trabalho.

Ela expõe com clareza a garra da luta das mulheres, principalmente, sas afro-braileiras, em contextos internacionais:


"Quando observo as mulheres no Canadá, na Jamaica e, agora, no Brasil, eu percebo que elas têm um grande papel à exercer e executar, principalmente na ajuda e apoio com suas famílias, e que as mulheres são muito poderosas".

Ela acha muito interessante estar no Brasil, porque tem a oportunidade de ver que as experiências das mulheres negras
possuem seu lado diferenciado, e ao mesmo tempo similares. Diz que em Salvador, a população negra é bastante grande, mas a maioria das mulheres negras, como se observa, estão no setor informal: como vendedoras de rua, empregadas domésticas e também prostitutas. Então ela observa que a vidas das mulheres (negras) lá é muito difícil.

Sobre a nossa cidade de Juazeiro do Norte, ela explana que foi muito interessante ter vindo, porque em toda a sua vida, ela nunca havia visitado uma cidade com esse perfil, no que se refere ao poder da , sobre o quanto as pessoas trabalham em torno dela e quanto a fé é importante na cidade.

As mulheres daqui têm situações similares com as de Salavador... Há uma conexão muito grande com a Igreja e isso é importante.

Ela pôde observar isto depois da palestra feita no Sesc - Juazeiro, na noite anterior (30 de outubro), que contou com um bom número de ouvintes e com muitos debates dos mesmos:

"Consegui perceber este processo das mulheres, que estão cada vez mais se tornando impoderadas, mais fortalecidas e sempre com um olhar mais voltado para e Educação, para o cuidado com a Saúde e para a vida de suas famílias".



Um fato de grande valor e interesse que ela observou no Brasil foi o fato de haver um grande número de mulheres negras envolvidas no processo educacional e nas universidades. Diz que sua vinda aqui vai influenciar em sua pesquisa, porque ela percebe que as mulheres não estão sofridas e marginalizadas dentro da Sociedade.

Sobre as questôes raciais, seu foco maior é o Brasil. Mas tem tido grande contato com mulheres da Costa Rica, Venezuela, Colômbia e a região do Caribe, em geral. Também outras pesquisas estão surgindo no Caribe a partir dos Estados Unidos.

O que no Brasil tem chamado sua atenção, é a idéia de Democracia Racial, pois, segundo ela, o Brasil é conhecido como um lugar onde há uma Harmonia Racial e ela pretende explorar e saber se as mulheres negras têm tido essa oportunidade.

A Cultura também joga um papel importantíssimo e a Sociedade, então, vai reforçar a idéia de Democracia Racial e fazer com que se acredite que, no Brasil, somos todos realmente IGUAIS, quando na verdade, a realidade é diferente.

Conclui, ainda, que a Cultura não só reforça essa idéia, mas a ensina.


Créditos do texto: Silvana Lima e Josimere
Fografias: Deusiméria Dantas

Wanderley Pecovski