12 de outubro de 2007

Nívia Uchôa

Aurenívia Moraes Uchoa, ou simplesmente Nívia Uchôa.

Nívia é fotógrafa e grande artista da nossa cidade, e nós iremos saber o que levou ela à Fotografia, e, assim, trocaremos experiências.

Com 14 anos de documentação fotográfica aqui no Cariri, Nívia considera a região como um local bastante rico em imagens e até trouxe seu material no qual retratou um pouco a cidade de Juazeiro do Norte e alguns locais na região do Cariri.

Esse material que ela nos mostrou foi uma tragetória de um tempo, em que ela foi para algumas cidades e, em especial, a Região dos Inhamuns. Neste trabalho, Nívia teve a oportunidade de participar de um livro que conta a história do Ceará, entitulado Memórias do Caminho, de Oswaldo Cruz.

Nos primeiros momentos da entrevista, Nívia definiu o conceito de Fotografia que significa escrita da luz..., e concluiu que a Fotografia nos possibilita utilizar alguns artifícios, tipo colocar movimento, que é algo que ela gosta muito: Fotografar em movimento.

Ela começou quando se "entendeu por gente", quando via as fotografias dos seus familiares, que seus pais sentiam prazer em guardar essas Memórias. Conta que seu irmão fazia experiências com uma caixa de sapato e água, e projetava as imagens na parede com um lençol de sua mãe. Ela brinca dizendo que ele até cobrava a entrada pra vizinhança assistir. Assim, tudo aquilo, mesmo pequena com 8 anos de idade, lhe chamou atenção e sentia emoção quando via aquelas imagens e um desejo sendo despertado dentro de si.

Seu irmão sempre ganhava câmeras e na sua casa sempre tinha várias máquinas. Seus vizinhos tinham um Estúdio e ela ficava muito lá, vendo como eram os processos de revelação. E aí Juazeiro como é forte com essa coisa da romaria... ela jovem... entrou na Universidade e concluiu o curso de Gegrafia, e percebeu que a Cultura aqui na região era muito forte... Também percebeu que seria maravilhoso trabalhar com fotorafia, vendo as paisagens que o curso de Geografia lhe possibilitou estudar.

Ela trabalhava no setor de contabilidade do Sesc-Juazeiro, quando comprou sua primeira câmera. Mas a todo momento, ela já sabia que era fotógrafa. E em 1993, ela foi despedida , e percebeu que a fotografia lhe dispusera como trabalho e prazer.

Diz, com brilho no olhar, que:

"A fotografia é passado, mas um dia ela já foi futura e só é presente em um determinado momento em que acontece aquilo [...] as expressões são penetradas naquele momento, e não podemos perder tempo, porque os momentos são únicos."


Para fotografar, é necessário, além de ver, olhar. Porque a partir daquele momento você pode desvendar uma imagem com um olhar, então a imagem passa a ser leitura, registro, informação, documentos.

A sua preferência para fotografar, são as pessoas. Ela fala que gosta de gente, que gosta do ser humano, homens, mulheres, crianças, idosos. Nívia estuda o cotidiano das pessoas, da sua cultura. Só que agora está trabalhando com paisagens devido a um porjeto que participa relacionado à Água. Então começou a fotografar, criativamente, a água em vários univeresos nos quais eles se encontram.

A Fotografia oferece a possibilidade de transmitir várias linguagens ao seu olhar. E a missão do fotógrafo e mostrar a sua visão nas fotos... Estar sem a câmera, é como estar sem roupa.

Nívia Uchôa quando começou a utilizar a câmera digital, tudo se fez novo ao seu redor e ela passou a não gostar daquilo, pois foi como perder a sua identidade, sua essência. Ela até começou a "tirar o foco" das suas fotografias. A câmera digital permite escolher qual acessório utilizar... É diferente de já tirar a foto em preto e branco, por exemplo, ao invés de tirar em cor, imaginá-la em preto e branco, e depois colocá-la no "Photo Shop" e tirar a cor... Quando começou a fotografar a Água, percebeu que podia tirar o foco, e mostrar a água de uma outra forma. É importante que o fotografo esteja no local certo e na hora certa.

Mas tudo é Fotografia. O importante é fazer a Fotografia. Independe do que você fotografa ou como você fotografa.

A profissão de Fotógrafa não é fácil porque os equipamentos são caros! Mas para apresentar não. O mais difícil é construir seu equipamento. Ela conta que mesmo tendo muitos amigos fotógrafos, ainda sofre alguns preconceitos, pelo fato de ser mulher. Mas afirma que nos últimos dez anos, as mulheres vem tomando muito espaço nessa profissão.

Eu comecei a fotografar em 1993, e o seu primeiro curso foi em 1996: "Eu não acredito em dom, [...] mas acho que a Fotografia, pra mim, é uma visão de mundo".

Nívia diz ainda não conseguiu fotografar o Impossível, e acha que não pode fotografar. A Fotografia pode ser inventada. Você tem que ter paciência e insistir naquilo que quer mostrar. É essa insistência que é legal. Fazer se tornar possível.

A Fotografia como trabalha com expressões, quando se faz uma seqüência de fotos, existe uma, essencialmente, em que ela vai mostrar todas as outras. “Uma fotografia de uma seqüência vai falar muito mais do que todas as outras.” E as vezes as coisas saem de forma inconsciente. A fotografia é surpreendente!

Nívia Uchôa finaliza seus depoimentos falando da conservação da Fotografia, onde, primeiro se faz uma edição de todo o material, depois a seleção das melhores fotos, e aí se for em filme, guarda-se os negativos. Também é importante que se tenha um quarto com ar-condicionado pra armazená-las. Ou um local fresco, tipo um isopor, só é necessário ter cuidado com o calor, para os negativos não suarem.



Créditos do Texto: Milene Moraes

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